O autor do livro
Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos acredita que a sociedade ao
longo do tempo se convenceu que o exame seria um instrumento capaz de melhorar
o sistema de ensino, ou seja, o resultado de um poderia influenciar no outro,
porém sabe que as relações entre exame e sistema de ensino não são iguais, já
que o primeiro é utilizado para medir o nível de aprendizagem, enquanto o
segundo dependerá de vários conjuntos sociais, políticos etc, para melhoramento
do ensino.
O Conhecimento sempre
foi visto como uma forma de ascensão social e de poder. Embora alguns
estudiosos acreditem que o conhecimento não pode ser medido e nem mesurado em
forma de notas, quanto menos estabelecer qual grau de ascensão o sujeito terá
na vida. Porém a sociedade ao longo do tempo foi se utilizado de instrumentos
capazes de medir a capacidade cognitiva do individuo. O exame é utilizado como instrumento
de avaliação sobre a aprendizagem, mesmo visto pelos estudiosos, que não podemos
considerá-lo como um medidor de conhecimento. No entanto, o autor diz que é
natural pensar no exame depois de uma aula, para realmente certificar se o
aluno aprendeu.
Foram atribuíram sobre
o exame expectativas muitas vezes de ser o instrumento capaz de resolver
diversos conflitos existentes na sociedade, como problemas na economia,
sociais, psicopedagógicas etc. Desta forma, o exame acabou sendo uma dimensão
de espaço, no qual é visto pelos professores, pela política, pelos alunos,
tornando-se uma maneira objetiva de saber qual grau de sabedoria o individua
possui, gerando assim, uma classificação e exclusão do mesmo na sociedade.
O exame ou avaliação
embora seja utilizado como instrumento essencial para diversas formas de
verificação de aprendizagem, ele não pode melhorar questões sociais, que são
decorrentes de injustiças, quanto menos melhorar a educação que também é
causada por falta de investimento.
A primeira inversão que
temos sobre o exame, é que ele pode determinar o grau de inteligência do sujeito
ou que tipo de cargo que o individuo possuirá na sociedade, dando-se assim, ao
instrumento de avaliação o poder de decisão sobre o individuo, já que o mesmo é
capaz de classificar de forma objetiva o “grau de cognição” do sujeito perante
a sociedade.
A segunda inversão
sobre o exame era que ele estivesse interligado com o método, já que na
Didáctica Magna de Comenius ele seria a ultima parte que poderá ajudar a aprender.
Porém o exame não poderia promover e nem classificar o aluno, visto que quando
o aluno não compreender o assunto, caberá o professor tentar rever seus métodos
para descobrir se houve algumas falhas. No entanto, com o passar dos séculos o
exame deixou de ser visto como recurso no auxilio da aprendizagem e tornou-se
uma forma objetiva de qualificar e promover o desempenho do individuo na
sociedade. Enquanto a terceira inversão serve como mecanismo de controle sobre
os processos de transformação na sociedade, pois os testes de coeficiente
intelectual transformaram problema de injustiças sociais a dimensão biológica,
ou seja, a sociedade fica livre dos problemas éticos, quando mostra que as
diferenças são resultados biológicos.
Portanto, o autor mostra
que ao decorrer do tempo o exame acabou perdendo a real importância na
pedagogia, visto que ele se tornou um objeto de controle sobre diversos
aspectos na educação, já que seu propósito hoje está interligado a nota e
objetividade do que se pode fazer com o resultado obtido.
Referência:
BARRIGA, Angel Diaz. Uma
polêmica em relação ao exame. In: ESTEBAN,
Maria Teresa (org.). Avaliação: de
uma prática em busca de novos sentidos. 5. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003,
p.51-82.
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